"... O teatro é o instrumento mais útil para a edificação de um povo e o barômetro que marca a sua grandeza ou o seu declínio. Um teatro sensível e bem alicerçado em todos os seus ramos pode trocar a sensibilidade de um povo, mas um teatro destroçado, onde os pezunhos substituem as asas, pode narcotizar e adormecer uma nação inteira...". Federico Garcia Lorca
quarta-feira, 9 de julho de 2014
TEXTO TEATRAL "AQUI NÃO É BURKINA FASO".
No ano passado, 2013, no período em que Eu, Marcia Aicram e Guedes Ferraz, fazíamos a preparação do elenco e a produção do Projeto Ensina em Cena em Angola, estava acontecendo em Luanda, na Associação dos Escritores Angolanos, um Festival de Teatro.
Em uma das noites de apresentação, o Guedes Ferraz, que havia ido só, conheceu o ator angolano Filipe Petronilho. Consequentemente, mais tarde, eu próprio o conheceria.
Deste encontro de pessoas de interesses afins, surgiu a proposta de eu escrever um texto para o Filipe montar com outro ator angolano. Era um desejo pessoal dele.
Estávamos trabalhando no Projeto com dois atores do Elinga Teatro, o Vírgula Capomba e o Honório de Polls. Sugerimos ao Felipe que convidasse o Vírgula para este trabalho por terem idades mais próximas. Honório era o mais novo deles.
O mês era Julho e o texto ainda não existia, mas, Felipe aceitou a proposta.
Só faltava, agora, o texto e promover o encontro de ambos, que, apesar de serem atores angolanos e frequentarem os mesmo lugares, ainda não se conheciam.
Em dezembro, já no Brasil, o texto foi concluído.
Retornei a Angola em Fevereiro de 2014.
Promovi o encontro dos dois atores e entreguei a eles as primeiras cópias do texto de teatro do absurdo "Aqui não é Burkina Faso".
O título é uma provocação. Burkina Faso, na fusão de duas línguas nacionais deste país africano, significa: Lugar (terra) de homens de bem, de homens íntegros, honestos.
Fiquei muito orgulhoso por ter escrito este texto que nada mais é que a minha percepção sobre os conflitos gerados no continente africano e a conquista e a manutenção da paz. Orgulhoso por ter entregue a homens de teatro que vivenciaram e sentiram na pele esta realidade e ainda assim, aceitaram o conteúdo do texto com toda sua provocação, poesia e teor crítico.
Por outro lado, posso afirmar que não se trata de um texto datado ou com imposições limítrofes.
O assunto Guerra e Paz é inesgotável e infelizmente possui identidade com diversos povos, raças, culturas. É um mal da humanidade.
Não descrevo no texto situações próprias de África ou Europa. América ou Ásia. O texto aborda os conflitos na sua macro visão e de forma subjetiva. O gênero, Absurdo, nos permite um olhar consciente e profundo, transcrito em divagações instigantes.
Arrabal com seu irônico Piquenique no Front, não nos impõe barreiras geográficas.
Assim também os clássicos A Paz e Lisístrata, de Aristófanes, tratam do assunto como uma ferida humana e não como um património grego. Ainda que a data e a localização estejam bem definidas.
Este é o grande barato do teatro; espelhar o ser humano e suas mazelas, seus sonhos e suas riquezas. Sua miséria, sua fé. Sua história e seus delírios. Como Lorca dizia:
"...O teatro que não recolhe o latejo social, a palpitação história, a cor genuína de suas paisagem, o drama de sua gente, com risos e lágrimas, não pode ser chamado de teatro."
Espero um dia retornar a Angola e assistir a estes amigos atores em cena com este trabalho. Afinal, é um texto para teatro e, como tal, só estará completo após a sua encenação.
Reynaldo Barreto Lisboa.
Diretor e Dramaturgo da Cia da Capital.
Em uma das noites de apresentação, o Guedes Ferraz, que havia ido só, conheceu o ator angolano Filipe Petronilho. Consequentemente, mais tarde, eu próprio o conheceria.
Deste encontro de pessoas de interesses afins, surgiu a proposta de eu escrever um texto para o Filipe montar com outro ator angolano. Era um desejo pessoal dele.
Estávamos trabalhando no Projeto com dois atores do Elinga Teatro, o Vírgula Capomba e o Honório de Polls. Sugerimos ao Felipe que convidasse o Vírgula para este trabalho por terem idades mais próximas. Honório era o mais novo deles.
O mês era Julho e o texto ainda não existia, mas, Felipe aceitou a proposta.
Só faltava, agora, o texto e promover o encontro de ambos, que, apesar de serem atores angolanos e frequentarem os mesmo lugares, ainda não se conheciam.
Em dezembro, já no Brasil, o texto foi concluído.
Retornei a Angola em Fevereiro de 2014.
Promovi o encontro dos dois atores e entreguei a eles as primeiras cópias do texto de teatro do absurdo "Aqui não é Burkina Faso".
O título é uma provocação. Burkina Faso, na fusão de duas línguas nacionais deste país africano, significa: Lugar (terra) de homens de bem, de homens íntegros, honestos.
Fiquei muito orgulhoso por ter escrito este texto que nada mais é que a minha percepção sobre os conflitos gerados no continente africano e a conquista e a manutenção da paz. Orgulhoso por ter entregue a homens de teatro que vivenciaram e sentiram na pele esta realidade e ainda assim, aceitaram o conteúdo do texto com toda sua provocação, poesia e teor crítico.
Por outro lado, posso afirmar que não se trata de um texto datado ou com imposições limítrofes.
O assunto Guerra e Paz é inesgotável e infelizmente possui identidade com diversos povos, raças, culturas. É um mal da humanidade.
Não descrevo no texto situações próprias de África ou Europa. América ou Ásia. O texto aborda os conflitos na sua macro visão e de forma subjetiva. O gênero, Absurdo, nos permite um olhar consciente e profundo, transcrito em divagações instigantes.
Arrabal com seu irônico Piquenique no Front, não nos impõe barreiras geográficas.
Assim também os clássicos A Paz e Lisístrata, de Aristófanes, tratam do assunto como uma ferida humana e não como um património grego. Ainda que a data e a localização estejam bem definidas.
Este é o grande barato do teatro; espelhar o ser humano e suas mazelas, seus sonhos e suas riquezas. Sua miséria, sua fé. Sua história e seus delírios. Como Lorca dizia:
"...O teatro que não recolhe o latejo social, a palpitação história, a cor genuína de suas paisagem, o drama de sua gente, com risos e lágrimas, não pode ser chamado de teatro."
Espero um dia retornar a Angola e assistir a estes amigos atores em cena com este trabalho. Afinal, é um texto para teatro e, como tal, só estará completo após a sua encenação.
Reynaldo Barreto Lisboa.
Diretor e Dramaturgo da Cia da Capital.
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